Livros que quero ler em 2023

A ideia desse post é fazer algo similar ao que a Kate, do blog CrossExaminingCrime, postou horas atrás. Recomendo fortemente que acompanhem a lista dela também! Eu sou um leitor bem mais casual e minha lista será bem modesta, contando apenas com uns 10 livros. Ainda assim acho que será bem interessante compartilhar um pouco do que pretendo ler e reler em 2023. As sinopses são traduções livres do inglês.

Raul do futuro aparecendo nesse parágrafo para avisar que a lista teria sete livros. Eu estou ansioso para reler “O Mistério da Cruz Egípcia”, mas não coloquei na lista pois a capa final ainda não foi revelada e nem a data de lançamento pela Harper Collins e achei que ficaria feio falar sobre o livro sem ter mais detalhes.

A lista em si não terá uma ordem específica e vou citar uma data próxima de lançamento para quem ficar interessado também:

Livro 1: Death of an Author (1935), por E. C. R. Lorac

Editora: British Library Crime Classics

Data de Lançamento: 10 de Janeiro de 2023

Sinopse: Vivian Lestrange – autora celebrada do popular romance de mistério The Charterhouse Case e totalmente reclusa – aparentemente desapareceu da face da Terra. Dada como desaparecida por sua secretária Eleanor, quem o Inspetor Bond suspeita que seja a própria autora, tudo indicando que crime e assassinato estão em cena quando a governanta de Lestrange também desaparece.

Bond e Warner da Scotland Yard começam a trabalhar investigando um assassinato sem corpo e com uma vítima potencialmente fictícia, enquanto E. C. R. Lorac torce uma história torcida cheia de humor irônico e pistas falsas, brincando com os resenhistas da época que acreditavam que Lorac era o pseudônimo de um homem (pois uma mulher não poderia, aparentemente, ter escrito mistérios da forma como ela escrevia).

A sinopse dessa história atraiu a minha atenção pela similaridade, pelo menos no início de tudo, com o sumiço de Agatha Christie. Eu empurrei minhas leituras de E. C. R. Lorac o máximo que pude e agora realmente surgiu uma chance bem interessante de correr atrás do prejuízo. Talvez leia esse romance só na segunda metade do ano, mas confesso estar bem animado.


Livro 2: A Morte do Adivinho (1932), por Rudolph Fisher

Editora: Harper Collins Brasil

Data de Lançamento: 15 de Janeiro de 2023

Sinopse: O corpo de N’Gana Frimbo, peculiar adivinho do Harlem, é encontrado sem vida na sua sala de consulta. Para investigar o caso, não há ninguém melhor que Perry Dart, um dos mais famosos detetives da região, e o dr. Archer, o médico que mora do outro lado da rua. Os principais suspeitos são Bubber Brown e Jinx Jenkins, jovens que só querem fugir da mira da dupla. Agora, sua única saída se torna iniciar as próprias buscas paralelas, mas nem eles nem Dart e Archer esperavam o que viria a seguir. 

Essa edição do Clube do Crime, coleção que resgata clássicos inéditos ou pouco conhecidos de suspense e mistério, traz uma obra originalmente publicada em 1932, inédita no Brasil, de um dos principais autores do Renascimento do Harlem, Rudolph Fisher. Com posfácio de Stefano Volp, essa é uma narrativa que mescla um suspense genial, misticismo e um humor satírico aguçado e resulta em reviravoltas imperdíveis para os amantes de mistério.

O Stefano Volp, em 2022, tentou publicar esse mesmo livro com um título diferente (A Morte do Mago). Eu apoiei a campanha e até fiz propaganda no perfil, mas a meta não foi atingida. Aparentemente a Harper correu atrás e decidiu publicar a história e achei muito interessante que eles tenham convidado o Stefano para escrever o posfácio. Esse é um dos livros que leremos em fevereiro no nosso grupo de leituras de literatura policial tradicional e foi um dos top 10 reimpressões de 2022. O hype certamente existe.


Livro 3: The Raven Thief (2023), por Gigi Pandian

Editora: Minotaur Books

Data de Lançamento: 21 de Março de 2023

Sinopse: O Secret Staircase Construction acabou de terminar seu primeiro projeto com Tempest Raj sendo oficialmente parte de uma equipe – a decoração do interior de uma casa baseada num romance clássico de mistério. A cliente deles está pronta para comemorar sua nova vida sem seu ex-marido infiel, o famoso autor de mistério Corbin Colt. Uma festa é marcada e Tempest e Vovô Ash são convidados para uma sessão espiritual de brincadeira com o objetivo de remover qualquer traço de Corbin da propriedade – para o bem. Tudo estava indo bem até que o corpo do próprio Corbin aparece na festa. 

Os únicos suspeitos são as oito pessoas ao redor da mesa da sessão – um círculo de mãos dadas que não foi quebrado. A suspeita rapidamente cai sobre Vovô Ash por conta do sangue encontrado nele. Para provar a inocência do seu amado avô, Tempest deve descobrir o que realmente aconteceu – e como – ou Ash nunca mais cozinhará suas criações indianas e escocesas.

Um dos livros que quero ler ainda no início de 2023 é justamente o primeiro romance da série Secret Staircase, o Under Lock & Skeleton Door. Gigi Pandian é uma das grandes especialistas em mistérios em salas trancadas dos Estados Unidos e é sempre bom ver os mestres em ação. Eu sei que esse livro faz uma breve homenagem a um dos autores de literatura policial que mais gosto, então estou realmente ansioso para ver o trabalho dela aqui.


Livro 4: The Mill House Murders (1988), por Yukito Ayatsuji

Editora: Pushkin Vertigo

Data de Lançamento: 21 de Março de 2023

Sinopse: Como sempre fazem todos os anos, um pequeno grupo de conhecidos visita a remota Mansão do Moinho de Água, que parece um castelo e é o lar do recluso Fujinuma Kiichi, filho de um famoso artista, que viveu sua vida por trás de uma máscara de borracha após ter ficado desfigurado por causa de um acidente de carro.

Esse ano, porém, a visita é interrompida por um desaparecimento impossível, o roubo de uma pintura e uma série de assassinatos peculiares.

O brilhante Kiyoshi Shimada surge para investigar. Ele chegará à verdade sozinho ou você também consegue solucionar o mistério dos assassinatos da Mansão do Moinho?

Sou fã da Pushkin e desse esforço deles em trazer diversos romances considerados honkaku e shin honkaku. A primeira resenha de um livro nesse blog foi justamente de um livro deles. Eu já li The Decagon House Murders duas vezes, além de ter lido o mangá também. Kiyoshi Shimada é uma bela piada com Shimada Soji, autor que ajudou Ayatsuji no início de sua carreira. Ver a continuação dessa série me deixa realmente muito feliz e animado para que veja novos lançamentos da literatura policial japonesa em inglês.


Livro 5: The Devil’s Flute Murders (1954), por Seishi Yokomizo

Editora: Pushkin Vertigo

Data de Lançamento: 4 de Julho de 2023

Sinopse: Mistérios em salas trancadas estão em alta novamente, e esse clássico da Era de Ouro apresenta um mistério japonês atordoante do grande Seishi Yokomizo, cujo detetive fictício Kosuke Kindaichi é um fenômeno pop cultural que rivaliza com Sherlock Holmes.

Dessa vez o detetive amador Kosuke Kindaichi investiga uma série de assassinatos grotescos em uma família de um cismado e problemático compositor, cuja obra mais famosa dá calafrios àqueles que escutam.

Os leitores ficarão encantados com um dos jogos de raciocínio lógico mais engenhosos de Seishi Yokomizo, um onde todos parecem esconder algo.

Quando a Pushkin Vertigo lançou Death on Gokumon Island pensei comigo mesmo: “Hm, acho que eles não irão mais lançar mistérios de Seishi Yokomizo por um bom tempo”. Eu acreditava nisso pois os quatro livros lançados pela Pushkin eram os mesmos lançados pela editora Quaterni na Espanha. Ainda bem que eu estava errado e que eles anunciaram The Devil’s Flute Murders. Esse é um livro que demorou dois anos para ser totalmente apresentado ao público, sendo serializado na revista Hoseki entre novembro de 1951 e novembro de 1953 (coloquei 1954 pois foi o ano de lançamento da versão em livro). Fizemos um post sobre Yokomizo em 2022. Aliás, LEIAM SEISHI YOKOMIZO!!!!


Livro 6: The Murder Wheel (2023), por Tom Mead

Editora: Mysterious Press

Data de Lançamento: 11 de Julho de 2023

Sinopse: Em Londres, 1938, o jovem advogado idealista Edmund Ibbs está buscando qualquer pontinha de evidência que sua cliente, Carla Dean, não foi a responsável por atirar em seu marido no topo de uma roda gigante. O problema é que quanto mais ele busca, mais complexo o caso se torna e Edmund logo é arrastado para uma teia horripilante de conspiração e assassinato. Ele próprio acaba sendo implicado não em um, mas em dois crimes aparentemente impossíveis.

Primeiro, um corpo aparece do nada durante uma performance do famoso ilusionista “Professor Paolini” na frente de um auditório cheio no Teatro Pomegranate. Então a segunda vítima recebe um tiro num camarim trancado ao longo de um dos corredores sinuosos dos bastidores do teatro. Edmund está no lugar errado e na hora errada, atraindo a suspeita do inspetor da Scotland Yard George Flint. Sua sorte é que o ilusionista e detetive Joseph Spector está no local. Apenas a perspectiva lógica e única de Spector pode furar o véu de truques num mundo de ilusão e enganação, onde ver nem sempre é crer.

Eu conheci o Tom antes dele ser um escritor de mistério. Comprei Death and the Conjuror na pré-venda e é um livro que preciso terminar de ler o mais rápido possível! Ele, assim como Gigi Pandian, é um especialista em mistérios em salas trancadas e usa técnicas bem próprias para criar cenários muito inspirados por John Dickson Carr, Clayton Rawson e Ellery Queen. The Murder Wheel é um dos livros que mais estou esperando em 2023, sem sombra de dúvidas!


Quais os livros de mistério que você está ansioso para ler em 2023?

Fim de ano e as novidades para 2023

Estou escrevendo esse post enquanto estou editando os posts no Canva. Confesso estar passando por uns probleminhas para criar conteúdo para o perfil no Instagram pois percebi que é muito complicado falar sobre literatura policial tradicional fugindo dos temas e poucos autores que os brasileiros conhecem. Os posts com melhor desempenho vieram no fim de 2022 falando justamente sobre Agatha Christie, Sherlock Holmes ou noir. São temas legais, mas que já foram tão batidos e repetidos que me incomodam.

Criar posts para o Clube de Mistérios é fazer malabarismos com os conteúdos do gênero. Eu tenho que falar de um tema repetitivo pra introduzir algo inédito logo em seguida. Tentei fazer isso nos últimos meses de 2022 e pretendo fazer isso melhor em 2023. Mesmo que eu queira fugir de Agatha Christie ou Sherlock sei que vou ser perseguido pelos dois pois os leitores brasileiros são extremamente dependentes dos lançamentos editoriais e que ninguém está disposto a lançar autores pouco conhecidos. A Harper Collins foi a primeira editora a dar um passo diferente, mas são eles que produzem os livros da Agatha.

Percebi que o “Dica de Conto” nunca chamou a atenção do público. Mantive a estrutura por dois motivos: o primeiro é que o layout é simples de se fazer e o segundo motivo é que eu adoro os contos policiais. Só que vou precisar inovar para tentar atrair público, especialmente durante as sextas-feiras, um dos dias que mais recebe movimento no aplicativo. Foi pensando nisso que consegui criar alguns outros modelos de posts que serão postados uma vez por mês. É como se o “Dica de Conto” recebesse irmãos. Vamos falar um pouquinho sobre esses parentes.

O primeiro irmão que veio na minha mente foi o “Mistério & Cozinha”, um post temático que pretende unir culinária e mistério. Aqui vou falar um pouco sobre pratos que aparecem em livros de mistério e, quem sabe, apresentar algumas receitas. Agatha Christie e Rex Stout apresentam vários pratos em suas obras, salvando um pouco do meu trabalho (especialmente o Rex e seu livro de culinária com receitas que Nero Wolfe, seu detetive, gosta de comer). Vai ser interessante brincar com esse assunto.

Esse tipo de post já seria lançado em 2022, mas decidi guardar a ideia pois minha relação com a cozinha é problemática e eu queria experimentar as receitas antes de postar no Instagram. Agora vocês sabem que teremos doze posts (um por mês, obviamente) apresentando alguns pratos bem únicos da literatura policial.

Os outros dois posts temáticos ainda não estão com uma logo pronta, mas acho que dá pra falar sem grandes problemas. Pretendo apresentar o panteão de detetives da Era de Ouro da literatura policial. O principal requisito é ter aparecido em mais de uma história entre 1913 e 1945, além de outras coisinhas que não vou entrar em detalhes para não soar enfadonho. Quem é velho de guerra deve lembrar que eu fiz um “30 Detetives em 30 Dias” no início do perfil. A ideia é similar, mas aqui estou selecionando os melhores dos melhores desse período. Os posts terão uma vibe grega.

O último post temático é mais simples: fazer resenhas de livros. Muitos seguidores pedem para que eu compartilhe minha opinião sobre livros que li ao longo do ano e decidi fazer isso com mais regularidade. Os blogs no exterior fazem isso com muita frequência, especialmente os que acompanho. Vou lançar um outro post falando sobre os livros que mais estou aguardando em 2023, mas confesso logo que a maior parte dos livros que pretendo ler são livros estrangeiros. Existem alguns motivos para isso, mas não vale a pena falar sobre isso agora. Alguns livros serão resenhados, mas será a minoria. A ideia é falar sobre livros menos conhecidos de mistério mesmo.

Os mais espertos devem ter percebido que alguns meses terão uma quinta sexta-feira no ano. Quatro meses, sendo mais específico. Esses dias trarão pequenas entrevistas com alguns autores. Dois nacionais e dois internacionais. Só tenho uma dessas entrevistas marcadas, mas acho que não terei problemas em marcar as outras três. É isso.

2023 será um ano de muito trabalho, especialmente pela vontade de profissionalizar e ganhar dinheiro com o Clube de Mistérios. Os posts trarão mais assuntos conhecidos e desconhecidos sobre a literatura policial, além de mais reels e material mais interativo com vocês. Tenho planos para fazer alguns sorteios, mas não quero dar muitos detalhes ainda. Todos os outros tópicos foram abordados no nosso post de fim de ano lá no nosso perfil.

The Tattoo Murder (1948), por Takagi Akimitsu e traduzido por Deborah Boehm

Caso você acompanhe nosso trabalho nas redes sociais saberá que eu fui uma das primeiras pessoas a falar de forma ativa sobre a literatura policial japonesa no Brasil. Minha situação é bem privilegiada pois tive contato com diversos escritores de lá, fazendo com que eu tenha uma visão um pouco mais ampla sobre como a literatura policial surgiu e se desenvolveu no Japão. É claro que existem leitores no exterior que conhecem o gênero num nível muito superior ao meu. Destaco aqui três blogs: o Solving The Mystery of Murder, o Beneath the Stains of Time e o Ho-Ling no Jikenbo. É sempre interessante passar por lá para aprender mais sobre literatura policial japonesa.

Bem, vou resumir a literatura policial japonesa para as pessoas que não conhecem (eu já fiz isso em um texto para o Literatura Policial). O gênero começa a se organizar por lá quando Edogawa Rampo começa a lançar as histórias do detetive Akechi Kogoro lá na década de 20. Os autores do período escreviam em um estilo conhecido até hoje como “honkaku”. Koga Saburo definiu esse estilo como “uma história de detetive que valoriza o entretenimento derivado do puro raciocínio lógico” e o entendimento é que histórias ocidentais também podem ser encaixadas nesse estilo, como os livros de Agatha Christie ou John Dickson Carr.

O período após a Segunda Guerra trouxe uma nova leva de escritores de mistério com objetivos diferentes desses autores honkaku. As histórias deixaram de ser mistérios intrincados e passaram a focar mais nos personagens e em denunciar problemas da sociedade japonesa. Esse estilo foi encabeçado por Matsumoto Seicho e durou cerca de 30 anos. Isso mudou quando a nova leva de escritores dos anos 80 voltou a criar mistérios intrincados inspirados por autores como S. S. Van Dine e Ellery Queen, guiados por Shimada Soji. Esse novo estilo foi chamado de “shin honkaku” (novo ortodoxo).

Takagi Akimitsu foi um dos escritores que surgiu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e The Tattoo Murder foi seu primeiro romance, publicado lá em 1948 (o título original é 刺青殺人事件, lido como “shisei satsujin jiken”. O livro foi traduzido em 1998 para o inglês por Deborah Boehm e recebeu uma edição em 2022 pela Pushkin Vertigo. Recebi uma cópia da editora que ganhei em um giveaway, embora já tivesse uma edição da Soho Crime aqui na minha coleção.

A história do livro começa introduzindo o estranho professor Hayakawa, um acadêmico fissurado por tatuagens, e Nomura Kinue, uma mulher com uma tatuagem enorme de Orochimaru em suas costas. O diálogo dos dois dá a entender que ela tinha uma irmã que morreu na queda da bomba atômica em Hiroshima e um irmão enviado para as Filipinas em 1943. Os três irmãos possuem tatuagens exóticas nas costas. A narrativa apresenta outros personagens com extremo cuidado, preparando o terreno para o crime bizarro.

Matsushita Kenzo, um jovem médico que acabou envolvido com Nomura Kinue, e o professor Hayakawa acabam sendo levados à casa de Kinue, apenas para encontrar os membros e a cabeça da jovem em uma banheira que transbordava trancados pelo lado de dentro do banheiro da casa. Uma investigação apurada é realizada para tentar descobrir o culpado desse caso, mas a polícia é completamente enganada. É aí que surge o detetive amador Kamizu Kyosuke, colega de Kenzo, e soluciona o mistério sem grandes preocupações.

Eu elogiei várias vezes a forma como Takagi Akimitsu escreveu o livro, optando por criar capítulos curtos. Estou escrevendo o meu romance e o estilo dele abriu a minha mente de uma forma bem interessante. Não posso dizer, porém, que o caso é extremamente complexo. Antes do crime acontecer eu já sabia exatamente quem era o culpado e o truque que seria utilizado para gerar o álibi e voltei minhas expectativas para a solução do mistério do banheiro trancado por dentro. E, mais uma vez, foi frustrante.

Aviso logo que tendo a não gostar de soluções mecânicas, seja para assassinar a vítima, seja para gerar a sala trancada por dentro. É um mundo vasto, confesso, mas torço o nariz para soluções desse tipo por serem específicas demais e não acho que todas funcionariam na vida real. A solução desse caso usa justamente essa ideia e por isso não gostei tanto. Outra coisa estranha é o fato de Kyosuke apegar-se demais às impressões que ele obtém de personagens a partir de partidas de go ou xadrez. Não faz muito sentido. Um último ponto que gostaria de destacar relacionado à história sem entrar em muitos detalhes: existem várias regras secretas na literatura policial tradicional. Esse livro foi construído em cima de uma dessas regras.

Uma única crítica que faço à tradução é ao fato da Deborah ter escrito, de forma errada, Tsunadehime como “Tsunedahime”. É perdoável em 1998, mas é estranho que a Soho Crime e a Pushkin Vertigo tenham deixado esses erros nas edições posteriores, especialmente hoje em dia que temos o anime Naruto com menções a Tsunade, Jiraiya e Orochimaru com certa frequência.

Isso não significa que o livro é ruim. Alguém que não está acostumado com a tal “regra secreta” usada no livro provavelmente gostará bastante. Os personagens são ótimos, as descrições físicas e dos cenários são incrivelmente vívidas! Foi uma leitura muito agradável mesmo sabendo exatamente o que aconteceria no livro. Pretendo ler os outros dois livros de Takagi Akimitsu lançados em inglês, embora saiba que Kamizu Kyosuke não aparecerá nas histórias (o “detetive” é o promotor Kirishima Saburo) e que foram lançadas durante os anos 60, ápice da escola social.

Nota: ★★★☆☆